Certo dia o António ao acordar foi à janela e viu um menino todo sujo e mal vestido a chorar. Foi ter com ele e perguntou-lhe.
- Que se passa? Porque choras?
O menino respondeu:
- Eu não tenho família, estou cheio de fome e não sei o que vou comer ou onde vou dormir. E com este frio – disse ele soluçando.
O António respondeu-lhe de imediato:
- Anda para a minha casa.
Lá foram. O António escondeu-o no seu quarto e deu-lhe de comer e beber. Assim passaram uns dias até que chegou o Natal. O António estava contente com a nova companhia e entusiasmado a pensar nos muitos e belos presentes que iria receber.
No dia de Natal, às doze badaladas, o António ia abrir os presentes, mas pensou melhor e mandou um dos empregados levá-los para os abrir no quarto.
Eram caixas e mais caixas, com embrulhos lindíssimos. No quarto o rapaz ao ver aquilo exclamou:
- Tu tens muita sorte por teres uma família rica que te podem dar tantos presentes.
-Os presentes não são meus, são nossos. São para brincarmos os dois.
Já estavam a dormir quando o António acordou e viu o Pai Natal junto da lareira e disse muito baixinho, admirado:
- Afinal tu existes!
Falaram durante muito tempo até que o Pai Natal lhe perguntou:
- António porque é que amanhã não contas os teus pais que tiveste aqui esse menino escondido todos estes dias e que é o teu maior amigo?
No dia seguinte o António mal acordou foi ao quarto dos pais. Contou-lhes tudo o que se tinha passado e a mãe disse:
- Estou muito orgulhosa de ti, António. Tens um bom coração!
- Se o menino não tem família podemos adoptá-lo não achais? – perguntou o pai entusiasmado.
Ficou logo resolvido.
Quando o António contou tudo o que se tinha passado ao rapaz, que tinha acabado de acordar, este agradeceu-lhe os presentes mas principalmente a amizade.
- Não precisas de agradecer. Agora és da família, és meu irmão!
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